quinta-feira, 9 de agosto de 2012

No Facebook

Não tenho conseguido tempo pra postar decentemente no blog. Ao mesmo tempo, as melhores informações sobre o Deep Purple eu tenho recebido via Facebook, onde consigo seguir membros, ex-membros e colaboradores do Purple e bandas pelas quais seus membros passaram. Assim, para fazer atualizações rápidas, criei a página do blog Purpendicular no Facebook. Visite, curta, acompanhe. Quando eu for escrever coisas mais longas, autorais, sobre o Deep Purple, escrevo aqui. Estou com uma engatilhada sobre o Made in Europe, a partir dos comentários no post anterior.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Jon Lord, a vida, o universo e tudo mais




OK.

Tomei aqui minha taça de vinho em homenagem a Jon Lord. Era de vinho tinto que ele gostava, e o homenageei com um Malbec. Aguentei calado e sem chorar uma lágrima sequer enquanto assisti ao mais privilegiado DVD de Jon Lord que eu tenho: a gravação bruta da minha entrevista com ele, em 2009, que inclui trechos do ensaio de "Soldier of Fortune". Eu dava risada vendo ele rir comigo.

Tudo o que valia a pena dizer ao público em geral sobre a carreira do Jon Lord eu escrevi no obituário que fiz para o site da Folha: "Jon Lord foi um pioneiro na fusão entre o rock e o erudito". Sim, Jon Lord me ensinou que não existem gavetas na música - existe música boa e existe música ruim. Música ruim você sabe o que é, ela abunda. Mas música ruim não me interessa, só me interessa música boa e é dela que eu falo quando falo de música.

Aqui no Purpendicular, porém, estamos entre amigos. Mais do que isso: entre órfãos. Noves fora Tommy Bolin, que morreu na cabalística idade de 27 anos, Jon Lord foi apenas o primeiro dos membros do Deep Purple a nos abandonar por complicações decorrentes da vida. É triste pensar nisso, mas ele é apenas o primeiro. Nos próximos anos, a fila deve andar - tomara que demore, mas infelizmente vai. E saber que a gente também está na fila é assustador.

Como dizia Jorge Luis Borges, morrer é um costume que sabe ter toda gente. Quem tem quem? A gente tem o costume ou o costume que tem a gente? Tendo a achar que é ele.

A música de Jon Lord ("To Notice Such Things", especialmente "Afterwards", cujo poema está aqui e a música está abaixo) me ajudou a aceitar a morte do meu tio favorito, quase um pai pra mim, quando ele morreu de câncer no ano passado. Por isso e por tudo mais, minha primeira reação quando soube da morte do Jon foi de incredulidade.



A segunda reação foi de inconformismo. Escrevi no Facebook que nossos heróis, porra, nossos heróis não deviam ter esse direito. Deviam ser todos como aqueles meus heróis de papel, como os Supermen e os Batmen e os Capitães América, que morrem e poucos meses depois acham um roteirista mentiroso o suficiente pra encontrar uma desculpa pra trazê-los de volta.

Só que não tem jeito. Por mais geniais que sejam nossos mestres, e Jon Lord era uma das cabeças mais brilhantes com as quais tive o privilégio de aprender (seja em discos, seja em DVDs, seja assistindo ao vivo, seja nos curtos minutos da nossa entrevista de 2009), todos um dia nos abandonarão e deixarão este planeta mais burro, mais imbecil, mais boçal.

Eu estava vendo o Concerto for Group and Orchestra de 1999 e filosofando um pouco no ouvido da minha mulher quando conseguia completar uma frase sem me desfazer. Demorou um pouco.

Somos muito egoístas com esses que admiramos. Egoístas demais. Vemos Ian Gillan no palco e decretamos: "não canta mais nada". Vemos Blackmore tocando como coadjuvante da patroa e cobramos: "pombas, cadê a Fender?". Vemos Jon Lord morrer de câncer, uma doença dolorosa, cruel, e não nos conformamos. Não damos a eles o direito de seguir o curso da vida, de envelhecer, de ficar de saco cheio, de morrer.

Na nossa cabeça, nossos heróis deviam viver pra sempre.

Na nossa cabeça, nossos heróis deviam ter pra sempre vinte e poucos anos, como os heróis dos gibis.



Neste momento, na tela de LCD à minha frente, Jon Lord é um moleque mais jovem que eu e faz dueto com Blackmore na melhor fase do Deep Purple. Neste momento, aqui na minha sala, um fragmento da noite de 21 de agosto de 1970 vive na gravação de "Speed King" em "Doing Their Thing".

Mas ainda hoje à tarde eu estava no trabalho, incrédulo ao saber da morte de Lord aos 71 anos.

Ainda ontem, eu tinha 14 anos de idade e descia a Plínio Brasil Milano ouvindo Deep Purple no meu walkman paraguaio. Cantando junto a cada passo. Esses 21 anos voaram perante meus olhos e quando vejo o Jon Lord está morrendo de complicações trazidas pela idade. Num flash, de repente eu tenho 35 anos, 103 quilos e gastei uma fábula com discos e DVDs dos meus mestres.

Poucos minutos atrás, eu tinha 25 anos de idade e abri um blog especializado em Deep Purple. A banda estava numa fase de indefinição - parecia que Jon Lord ia se aposentar. Será que iria? Lembro como se fosse ontem dos meus amigos reclamando no meu velho blog do tanto que eu falava do Deep Purple. Lembro da minha ansiedade de saber cada movimento da banda. Faz poucos minutos, mas faz 10 anos.

Minutos antes, eu tinha 20 anos de idade e trabalhava à noite. Estava nervoso. Não comprava mais discos do Deep Purple desde a saída de Blackmore, mas eles foram tocar em Porto Alegre. Um colega do jornal foi cobrir o show e mandava avisar que músicas eles haviam tocado. Eu espiava sobre o ombro da editora de Variedades. Corrigi: não é "Black In Night", é "Black Night". Ela pergunta como eu sei, digo que tenho todos os vinis da banda. "Por que tu não tá lá?", ela pergunta. "Não tinha grana, e tinha que trabalhat", respondo. Ela me dá seu próprio ingresso de cortesia - número 0002 - e dinheiro para o táxi. Quando chego ao Opinião, quem faz solo? Jon Lord.

Lembro como se tivesse sido esta noite, mas foi há 15 anos.

Eu fecho meus olhos só por um momento e aquele momento se foi, já cantava o Kansas. Tudo o que somos é poeira no vento.

Quando eu assistia ao Concerto, hoje, eu pensava: não, Jon pode ter morrido, mas sua obra está aí. Na hora em que eu quiser, aperto um botão no controle remoto e estou de volta ao dia 23 de setembro de 1999, no Royal Albert Hall. Ou ao dia 7 de maio de 2009, dez anos depois, na galeria Olido, onde eu tenho três anos a menos de idade e Jon me diz pra cuidar e não bater com o microfone em seu nariz. Viajo no tempo e no espaço, como se tivesse um Delorean.



Sua obra está aí. Seu corpo podia ser frágil, como são todos os nossos corpos. Ele sofria com o câncer, como todos nós corremos o risco de sofrer caso vivamos o suficiente. Devia ser muito dolorido. Ele livrou-se desse sofrimento, e eu não me conformava até me dar conta do egoísmo dessa ideia.

Domingo, tive a sorte de conversar com meu amigo Paulinho Oliveira. Um dos homens mais sábios que conheço, sempre acabamos conversando sobre a vida, o universo e tudo mais. Sempre.

Ele me disse ter lido em Eduardo Galeano ou José Saramago que existem dois tipos de morto: o morto apenas e o morto bem morto. Morto bem morto é aquele que se foi e aos poucos se foram também todos aqueles que lembravam dele. Morto é aquele que, embora nos falte, deixa sua memória entre os que sobrevivem a ele, dos que lembram dele ou de sua obra. Jon Lord é desse tipo - eu vou morrer um dia e a obra de Jon Lord ainda estará por aí para ser lembrada.

Até ontem, a privilegiada cabeça de Jon Lord ainda podia nos trazer novos concertos, novas peças, novas ideias. Vai ser doloroso viver sabendo que não virá nada novo dele. E é cada vez mais presente a ideia de que meus outros heróis de carne e osso também não são como o Batman. Porque essa ideia me lembra que eu também não sou como o Batman, e é isso que me apavora.



Mas sua obra está aí. O 21 de agosto de 1970 está vivo na minha tela. Assim como o 24 de setembro de 1969 e o de 1999. Assim como o 7 de maio de 2009. E todas as outras datas em que os dedos mágicos de Jon Lord foram registrados e permanecem vivos. E é esse Delorean de imagens e música que nos mantém pra sempre cientes de que ninguém morre para sempre se deixar o que de melhor tiver na forma de uma obra.

E aí vem outro problema: qual é a SUA obra?

Eu ainda estou tentando descobrir qual é a minha. Leitores generosos podem dizer que este blog é uma obra. Mas blogs se apagam e somem no éter. Tudo o que eu escrevi em jornais já embrulhou peixe. Eu sei a minha obra, mas se eu um dia vier a faltar, ninguém mais sabe.

Qual é a sua obra? Qual é a minha obra? De que lembrarão sobre nós quando, tal como Jon Lord, repetirmos o triste costume de morrer?

Não sei. Mas não é tarde para saber. E a vida de gênios como Jon Lord nos lembra da importância disso.

Muito obrigado, Jon. Por tudo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Morreu Jon Lord

Não tenho cabeça pra escrever um grande obituário agora aqui no blog.

Mas estou mal.

Fiquem com a entrevista que eu fiz com ele para a MTV, em 2009.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um cartaz histórico

Um benfeitor da humanidade postou no Facebook a foto deste cartaz, que anuncia o show da banda "Roundabout (Artwoods + Flowerpot Men)", em 20 de abril de 1968, na cidade de Tastrup, na Dinamarca.


É um registro histórico da arqueologia do Deep Purple.

O preço nominal do ingresso, hoje, não compra sequer um café por lá.

O lugar é aqui:


E a banda por aqueles dias gravou isto num estacionamento de Copenhague:

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Gillan: disco novo será gravado em Nashville a partir de 23 de junho


Meu colega Marco Jayme catou esta entrevista do Gillan à Classic Rock. O foco principal é o Who Cares, que saiu no ano passado. Mas o cantor fala bastante do futuro do Deep Purple. O novo disco, pelo que Gillan diz, será gravado em Nashville, no final de junho. Ainda não tem data pra sair o disco novo.


Gillan elogia a produção de Bananas ("Bananas foi um disco de som fantástico... O primeiro disco de Bradford conosco foi brilhante") e critica a produção de Rapture of the Deep ("...em contraste completo com Rapture of the Deep"). A foto acima, aliás, é da produção de Bananas. Gillan também fala sobre as expectativas em relação ao produtor Bob Ezrin, ainda que o contrato não tenha sido assinado.

"Ele veio até nós pra conversar sobre o assunto e todo mundo se apaixonou por ele. Acho que a ideia de trabalhar com alguém que respeitamos profissionalmente e pessoalmente... vai ser mais fácil. Pra ser honesto, acho que o que estamos procurando é uma daquelas abordagens de profissional antigo, onde você tem uma direção e um grande som. É isso que queremos. Cortar o lixo, que a gente só nota tarde demais. Precisamos de um ouvido objetivo, acho que isso é muito importante."

To close, we simply must talk about Deep Purple. It’s true that Bob Ezrin is producing your new album?
It looks that way. I’m not sure I’m allowed to say anything until contracts are signed but it seems… let’s put it this way, I’m booking a flight out to Nashville on June 23. So I’m sure he will be [producing], yes.
June 23 is when you’re going to kick off the recording?
The whole thing, the writing and everything, yes. We’ve got six weeks to do it.
Bob Ezrin is an interesting choice…
I think it’s great to work with different producers and Bob Ezrin has got an amazing track record. No pun intended. He came up to see us to talk it through and everyone fell in love with him. I think the idea of working with somebody you’ve got respect for professionally and personally… it’s going to make it easy. To be honest, what I think we’re looking for is one of those old-pro type approaches where you have guidance and a great sound. That’s what we want. To cut out the rubbish, which we always recognise too late. We need an objective ear, I think that’s really important. I’m looking forward to it very much.
If you look at the history of Purple, you’ve self-produced more often than not.
Generally, yes. We’ve used Martin Birch as a kind of engineer and sixth ear… a sixth pair of ears, I should say. But generally self-produced. This time I think we’re a little more focused than we have been in the past. We never make plans; we just turn up with nothing and crack on from there. But I think Bob Ezrin will help us focus. I thought Bananas [2003, produced by Michael Bradford] was a fantastic-sounding record… in complete contrast to Rapture Of The Deep [2005, also produced by Bradford]. Bradford’s first album with us was brilliant. We’re all a bit long in the tooth and as life goes on you do need someone to give you that cutting edge, which I’m sure Bob Ezrin will provide.
When will new album be released?
Well, I don’t know. There used to be a long lapse between finishing the recording, then the post-production, the artwork and everything… it used to take ages. It’s much quicker these days. I’ve done three or four albums since the last Purple album. Once the music’s sorted, the rest of it takes no time at all. So, when’s it coming out? I don’t know. How do you sell records these days anyway?

domingo, 29 de abril de 2012

Glover em Veneza


Roger Glover andou tocando na Itália neste final de semana, com o guitarrista Tolo Marton. Foi em Veneza, num clima super descontraído. Ele até tocou coisas solo, inéditas ao vivo.

Veja estes vídeos. Os primeiros são do Hard Rock Café, na noite de 27/4. Os outros são do Teatro Corso Mestre, na noite de 28/4.

Lazy (Purple):


Stone Free (Hendrix):


When Life Gets to the Bone (minha favorita do "If Life Was Easy", seu último disco solo):


Highway Star (Purple):

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O que realmente houve?

Que bagunça essa do festival Metal Open Air, no Maranhão. Houve desorganização e calote confirmados, da parte do festival. Na impossibilidade de saber a história inteira, reproduzo abaixo as duas notas oficiais, da banda Rock'n'Roll All-Stars e da organização do festival.

A da banda não fala na questão do pagamento. Diz apenas que eles largaram porque muitas outras bandas deixaram o evento.

Rock N’ Roll Allstars are saddened to annouce the cancellation of our performance at Metal Open Air Festival in Sao Luis, Brazil.
We regret not being able to attend. We are in South America and are ready to rock, but the circumstances are beyond our control: We were informed before flying to Brazil today that many other artists have pulled out of the event, as well as local security. We are very concerned for the safety of the fans and artists whom are already at the festival.
We are receiving confirmed reports from other bands and friends on the ground that the event is dangerous and a disaster. Please be safe, and we look forward to rocking for you in the future.
A do evento acusa a banda de quebrar o contrato, exigindo mais hospedagens do que o combinado, e de dizer que sem Charlie Sheen apresentando eles não tocariam.
"A Banda Rock and Roll All Stars quebrou contrato com a produção do MOA, maior festival de rock das Américas, que acontece até este domingo, em São Luís, e cancelou sua participação no evento. A banda se apresentaria neste sábado e era a principal atração do evento neste sábado. A produção se surpreendeu com a decisão do grupo e lamenta o fato, já que muitos aguardavam ansiosos por essa apresentação.De acordo com a Natanael Júnior, produtor e proprietário da empresa Lamparina, responsável pela produção do evento, a dois dias do evento eles foram informados que o ator Charlie Sheen não viria mais. Ele seria o apresentador e uma das atrações principais deste sábado. Pelo contrato, a produção local teria direito a substituir o artista ou reduzir o valor contratual, o que não aceito pela banda.
Além disso, segundo Natanael, a banda fez exigências que não estavam previstas em contrato, que envolviam quantidade de hospedagens, por exemplo. 'Temos o contrato assinado e a prova de que ele foi quebrado. Lamentamos muito e pedimos desculpas aos fãs que esperavam ansiosos pela apresentação', disse o produtor.
De acordo com Natanael Júnior, a programação deste sábado está confirmada e oficialmente apenas duas bandas teriam cancelado sua apresentação em São Luís. Natanael disse que a produção enfrentou alguns problemas, mas que todos estão sendo contornados".

Acho estranho isso, porque o Glenn Hughes me disse não saber de Sheen, quando anunciaram o ator como mestre de cerimônias. Como membro da banda, ele certamente saberia. 
Estou tentando conversar com os empresários da banda e com os organizadores do show, para chegar a uma versão mais apurada sobre o que houve.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Bagunça na Sarneylândia

A banda Rock'n'Roll All-Stars, que tem Glenn Hughes e outros grandes astros do rock, tomou o maior cano dos produtores do festival Metal Open Air, no Maranhão.

Seria um grande festival na Sarneylândia depois dos gritos de "ei, Sarney, vá tomar no *" no Rock in Rio. Seria.

A banda inclusive desmarcou o show que faria em São Paulo para se concentrar lá. Pena que não rolou.

No Twitter, a mulher de Gene Simmons reclamou:

"Não conseguimos localizar a produção do evento no Brasil, então não podemos pagar a equipe, os músicos, os pilotos etc e não faremos o show!"

Não foi a única banda a cancelar sua participação no festival na Sarneylândia. O Venom não conseguiu visto, o Saxon tomou cano da produção 

O festival ficou muito popular nas redes sociais ao prometer a presença do comediante Charlie Sheen como mestre de cerimônias. Recentemente, Sheen gravou um vídeo confirmando a presença. Mas, segundo a reportagem, ele também ainda não apareceu.

Dois guitarristas do Purple no Brasil em outubro

Joe Satriani e Steve Morse virão ao Brasil com a turnê do G3, informa o Guia da Folha. O terceiro guitarrista desta formação do G3 é John Petrucci.

Eles devem tocar no Rio no dia 11 de outubro e em São Paulo no dia 12 de outubro. Feriado! Vai ter pré-venda de 7 a 13 de maio, mas os preços ainda não foram anunciados.

Em julho, o trio de ligeirinhos vai tocar na Europa.

Fiquei um pouco apreensivo ao ver as datas em outubro. Até lá, o novo disco do Deep Purple já deve estar lançado, e a turnê deveria estar começando. Mas as primeiras datas anunciadas para os shows da nova turnê são só para novembro.

(A dica foi do ligadíssimo Castanheira, pauteiro deste blog.)

Tantas emoções

Vi uma foto hoje e fiquei empolgado: uau, o que o Coverdale tá fazendo na capa de um portal hoje? Não era o Coverdale, era o Roberto Carlos comemorando 71 anos. Mas até dá pra confundir, né?



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Strange Kind of Donna

O Castanheira garimpou do YouTube o vídeo de um programa gravado na TV estatal italiana, a RAI, em 1971. O nome do programa é Blob. A primeira banda a se apresentar é o Deep Purple, tocando Strange Kind of Woman. Eu nunca tinha visto.

domingo, 15 de abril de 2012

A estrada da glória de Mick Underwood


Há alguns dias, o baterista Mick Underwood me adicionou a um grupo no Facebook - "Mick Underwood's Glory Road". É a nova banda do baterista que tocou com Blackmore nos Outlaws, com Gillan e Glover no Episode Six, esteve no Quatermass e fez parte da fase mais divertida da banda Gillan. Veja o site oficial aqui.

É uma banda de tributo, mais ou menos. Toca material da Gillan (incluindo coisas que eles nunca tocaram ao vivo, como "She Tears Me Down") e da Quatermass, além de "Whole Lotta Love" e uma nova música chamada "Glory Road". O primeiro show foi há uma semana.

Este foi o setlist, segundo Peter Mair, colaborador da DPAS:

Trouble
Sleeping on the Job
She Tears Me Down (clique pra ver o vídeo!)
Living for the City
Mutually Asssured Destruction
[Quartermass number I wasn't familiar with]
Mr Universe
Glory Road (new song)
Vengeance
On the Rocks
Whole lotta Love ~ Drum solo.
Encore: New Orleans

Estou curioso pra ver pessoalmente ao vivo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Contrataram o produtor de "The Wall", do Pink Floyd????


A DPAS catou de passagem numa entrevista do Steve Morse a informação de que o Deep Purple teria contratado Bob Ezrin como produtor do novo disco.

Simon Robinson diz que isso é um indicativo de que a banda está levando muito a sério o trabalho, porque Ezrin já produziu discos de Pink Floyd, Kiss e outros comercialmente bem-sucedidos. Mas quais? No artigo sobre Ezrin na Wikipedia constam vários que eu não sei avaliar, todos os grandes discos do Alice Cooper, três de uma boa fase do Kiss, aquele do Aerosmith em que eles gravaram "Train Kept A-Rollin" e... "The Wall", do Pink Floyd.

Os grandes discos do Deep Purple nos anos 70, incluindo "Machine Head", foram produzidos por Martin Birch, mas ele não está mais com a banda há algum tempo.

De "Perfect Strangers" até "Abandon", quem produziu foi Roger Glover, vindo de uma experiência produzindo outras bandas. Nada a reparar - ele é um bom produtor. Mas, quando Michael Bradford assumiu a produção de "Bananas" e "Rapture of the Deep", o baixo de Glover apareceu bem mais. Acho que é pela modéstia do Glover.

Quando Bradford foi anunciado, eu fiquei com o pé atrás. Dá pra ver aqui nos arquivos do blog. Poxa, ele estava gravando com o Charlie Brown Jr. Mas aí o cara é tão gente boa, respondendo e-mails inclusive durante os trabalhos de mixagem, e o "Bananas" ficou tão legal, que achei fabuloso. Gostei da ideia de trazerem um produtor de fora.

Os remasters também se beneficiaram de um produtor externo. "Stormbringer" e "Come Taste the Band" tiveram o dedo de Kevin Shirley, que produz os discos do Black Country Communion. Soam que é uma maravilha. 

Então, se for Ezrin mesmo, que seja muito bem-vindo.

Mal posso esperar pelo novo disco. Eu já não podia antes, agora posso ainda menos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um minuto de silêncio: Jim Marshall morreu


Fiquei sabendo agora pela manhã, no Facebook do guitarrista Bernie Torme, que Jim Marshall morreu. Uma lástima. Há uma página no Facebook para postar condolências.

Não existe som mais bonito, no rock, que o de uma Fender Stratocaster amplificada por um Marshall valvulado. Talvez só o de um Hammond amplificado por um Marshall se compare. A graça do Deep Purple desde o início era combinar os dois. Mas não só eles. Boa parte do rock britânico dos anos 60 e 70 deve sua existência e genialidade a Marshall.


Marshall era baterista de uma big band antes de abrir uma loja de instrumentos em Hanwell, no comecinho dos anos 60. Músicos de toda a região do Oeste de Londres se encontravam lá pra bater papo, testar equipamento, comprar fiado e, todo sábado, dar canjas. Mais ou menos como as que costumavam rolar numa das lojas da Teodoro Sampaio. (Entrevistado para uma biografia do Blackmore, Marshall disse que não lembrava das canjas.)

O Oeste de Londres é pertinho da região onde cresceram Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Jimmy Page e outros gênios. Heathrow, onde fica o aeroporto internacional, é um pouco adiante - o que significa que esse povo precisava TOCAR ALTO pra ser ouvido. Belo lugar pra surgirem guitarristas, vocalistas e os melhores amplificadores do mundo.

Jim Marshall era amigo de Bert Kirby, professor de música de Nick Simper. Foi na loja dele que Simper comprou sua primeira guitarra - fiado.  Custava 20 libras, e ele parcelou em uma libra por semana. Quando metade das prestações estava quitada, Marshall escreveu no cartão: "PAGO".

Simper não era o único agraciado por essa generosidade. Mais tarde, quando Marshall começou a construir amplificadores, essa generosidade se traduziu em uma clientela leal formada pelos lisos do passado. Parte dela ficou famosa, amplificando a fama de seus equipamentos para o mundo inteiro.


Três momentos cruciais de Marshall com o Deep Purple:
  • Em 1968, quando a primeira formação do Deep Purple estava sendo criada, os empresários bancaram a compra de 7 mil libras em equipamentos na loja de Jim Marshall. Isso incluía o primeiro Hammond próprio de Jon Lord e, claro, os amplificadores.
  • No ano seguinte, os empresários do Deep Purple toparam a ideia excêntrica de Jon Lord de fazer um concerto juntando banda de rock e orquestra. Marcaram uma data no Royal Albert Hall para isso. Além do problema da composição, havia um outro: como fazer para que TODOS fossem ouvidos? A acústica do RAH dava conta da orquestra, mas com a amplificação da banda poderia ser impossível ouvir os instrumentos sinfônicos. Por acaso, Jim Marshall tinha acabado de criar um sistema de mixagem de 600 watts. Ele colocou um anúncio nos jornais ingleses informando que o show seria a "World Premiere" do seu novo sistema. O resultado? Este:

  • Em 1973, quando Blackmore não pôde tocar num show lotado em Amsterdã e a banda deixou o bis de lado, a plateia ficou tão violenta que detonou os amplificadores que estavam no palco.  Para poder fazer o show seguinte em Copenhagen, dali a três dias, eles estariam em apuros se não fosse a agilidade de Marshall para fazer a entrega - com toda a precariedade de comunicações do começo dos anos 70. 
Minhas mais sinceras condolências, portanto.

E, caso algum leitor do Purpendicular ganhe na Mega-Sena um dia, aceito como presente um frigobar assim:

terça-feira, 3 de abril de 2012

Senhoras e senhores...

"Bem vindos a uma noite de depravação e decadência musical. Todos os celulares devem ser desligados; enviar mensagens de texto durante o show faz você parecer o maior cuzão."
DAVID COVERDALE, emprestando a voz ao aviso de desligar celulares do musical da Broadway Rock of Ages, segundo o Wall Street Journal. Algumas músicas do Whitesnake estão no repertório.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Opa, por acaso estava por aqui, posso dar uma canja?

Sexta-feira, a banda-tributo suíça Purpendicular teve uma surpresa.

Estava marcado que Ian Paice ia tocar com eles. Marcado e anunciado. Mas eles acabaram tendo, ao invés de um quinto, DOIS quintos da banda no palco: Roger Glover subiu pra ajudar. Sabe como é: ele mora na Suíça, calhou de estar em férias, por acaso estava por perto e foi prestigiar o colega e quem prestigiava seu trabalho.

Achei dois vídeos, ambos só com o Paice:





A banda já havia tocado antes com Paice. Dos ex-membros do Deep Purple, Joe Lynn Turner já esteve com eles, e o baterista da banda tocou com Jon Lord.

É nessas horas que meu amigo Abdalla Kilsam (vocalista dos mais competentes tributos ao Deep Purple que já vi no Brasil) deve ter um dó imenso de ser brasileiro.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Morse toca com o G3; Glover, com Tolo Marton

O placar da procrastinação cada vez aumenta mais.

O Deep Purple está em férias, para descansar um pouco antes de gravar o novo disco. Isso deve rolar em maio e junho, e os primeiros shows do começo da nova turnê estão marcados para outubro.

Enquanto isso, Steve Morse se prepara para encontrar seu antecessor imediato no Purple, Joe Satriani, e Steve Vai para uma turnê do G3 em julho e agosto. Até agora só estão anunciadas cinco datas.

Roger Glover, por sua vez, parte em abril pra fazer um show na Itália com  Tolo Marton. Em seu site, ele promete tocar coisas dos seus dois últimos discos solo, "Snapshot" e "If Life Was Easy" - coisas que nunca apresentou ao vivo antes.

Veja como estão as atividades paralelas com que os membros se comprometeram:

Steve Morse
  • Tributo a Tommy Bolin (Glenn Hughes também estará lá) 
  • Flying Colors 
  • Tributo ao Supertramp
  • Breve turnê com o G3 na Alemanha, Hungria e Rússia (21 de julho a 5 de agosto)
Ian Gillan 
  • Tributo a Dio (Glenn Hughes também estará lá) 
  • Rock the House
Don Airey 
  • Homenagem às vítimas do tsunami no Japão 
Ian Paice 
  • Álbum em trio com Rick Wakeman e Tony Levin
Roger Glover
  • Show com Tolo Marton na Itália (28 de abril)

terça-feira, 20 de março de 2012

Tungcast Deep Purple, parte 1

No final do ano passado, o grande Diogo Salles me convidou pra gravar um Tungcast especial sobre o Deep Purple. Passamos uma tarde num estúdio em Perdizes batendo papo sobre um dos meus assuntos favoritos e o resultado foi muito legal.

A primeira metade foi ao ar hoje. Em pouco mais de uma hora, está lá a primeira vinda do Deep Purple, de 1968 a 1976, em toda a glória de suas quatro formações. Muitas curiosidades e muitos trechos pouco óbvios de músicas do Deep Purple.

Aliás, se você reparar bem, não toca Smoke on the Water nem uma vez. Se você sentir falta, é só ligar em qualquer rádio de classic rock e esperar meia hora.

Para ouvir e baixar o Tungcast, clique aqui.

sábado, 17 de março de 2012

Há 10 anos, Airey se tornava o titular do teclado


Referências a Guerra nas Estrelas e um show de luzes durante o solo de teclado - além de um sorriso aberto, simpático e inconfundível - fazem parte de todos os shows do Deep Purple desde 17 de março de 2002, quando Don Airey entrou para o time titular. Ele havia coberto uma licença de Jon Lord em 2001, e estava a postos quando o mestre se aposentou. 

Estava inaugurada a Mk8 do Deep Purple, cuja primeira foto oficial foi essa aí em cima.

Em 2009, eu e ele fizemos um duelo de máquinas fotográficas. Quem disparasse primeiro ganhava. 

Ele ganhou. 

Billy Cobham tocará no Brasil em junho


O baterista de jazz Billy Cobham - com quem Tommy Bolin gravou o disco que impressionou David Coverdale ao procurar um sucessor para Ritchie Blackmore - vai tocar em junho na décima edição do festival Rio das Ostras Jazz & Blues.

Cobham tem pedigree profissional. Em 1969, fez parte do grupo de Miles Davis que gravou o disco "Bitches Brew".

É o segundo disco mais bem-sucedido do trumpetista, escancarando sua abertura para uma fase em que ele não queria saber de encaixar sua música numa "gaveta" de estilo. Especialmente na gaveta do jazz, que ele já havia sacudido várias vezes nos 20 anos anteriores.

Por essa época, Davis já ouvia Jimi Hendrix, Sly Stone, James Brown. Queria fazer algo mais pra esse lado, sem deixar de lado o maior tesão do jazz - improvisar dentro de uma estrutura mínima, com músicos talentosos se ouvindo e improvisando de volta. Não importava quantos minutos durasse.

Não é muito diferente do que o Deep Purple fazia ao vivo nessa mesma época, em números como "Wring That Neck" e "Mandrake Root". Muita improvisação genial, com um ritmo marcado para segurar enquanto os outros piravam.

Com o guitarrista John McLaughlin, que também participou de "Bitches Brew", Cobham fez uma participação em 1970 na Mahavishnu Orchestra e gravou "Inner Mounting Flame".

Foi em 1973 que Cobham gravou seu primeiro disco solo, "Spectrum". O grande atrativo do disco é a bateria furiosa de Cobham e uma guitarra ácida, distorcida, completamente pirada, tentando acompanhar.

Os dedos que comandavam aquela guitarra eram os de um moleque de 22 anos chamado Tommy Bolin. Deles saíam coisas assim:



"Spectrum" foi o vinil que David Coverdale jogou nas mãos de Jon Lord quando estava insistindo com ele e Ian Paice que procurassem um sucessor para Ritchie Blackmore. "Se esse aí não for bom o bastante, ninguém é", disse Coverdale.

Talvez por influência desse disco, Paice fez uma jam especial com Bolin enquanto ensaiavam o Come Taste the Band. Só os dois. Essa jam saiu no remaster do único disco de estúdio da Mk4. Saca só.



Vou tentar ir a esse festival. Os shows são de graça, o maior trabalho é chegar lá (e talvez achar hospedagem). De certa maneira, devo a Billy Cobham a ampliação dos meus horizontes musicais. Só fui atrás do Miles Davis elétrico depois que registrei a conexão. Hoje em dia, meu hobby musical favorito é explorar as gravações ao vivo dessa fase de Miles Davis.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Homenageie Ritchie Blackmore tocando em vídeo


Pelo segundo ano, abre dia 20 de março o concurso "Ritchie Blackmore Protégé Shred Off".

É mundial, e visa apoiar a indicação do genial e genioso fundador do Deep Purple para o Hall of Fame do rock, segundo o BraveWords. O vencedor, que vai ganhar uma placa comemorativa, será anunciado dia 14 de abril, aniversário de 67 anos do guitarrista.

Para participar, você precisa gravar um vídeo com uma banda e baixar o santo de Ritchie Blackmore nos estilos do Deep Purple, Rainbow ou Blackmore's Night. Mas atenção: tem que ser coisa própria, não pode ser cover.

(Acho, porém, que vale fazer interpretação de músicas dos outros em estilo do Blackmore, tipo tocar Brasileirinho como o Blackmore fez com a Nona do Beethoven.)

Grave seu vídeo, suba para o YouTube e poste nesta página do Facebook até dia 7 de abril - que, aliás, é aniversário do dia em que o Blackmore deixou o Deep Purple pela primeira vez, em 1975.

Participe. Grana não tem na jogada, mas a Candice Night está toda hora no Twitter, possivelmente tuitando enquanto o mestre lava a louça. Vai que você ganha, ela assiste, acha genial e mostra para o mestre. Uma oportunidade e tanto, não?


Se você postar o link do seu vídeo aqui nos comentários, posto aqui no Purpendicular também!

sábado, 10 de março de 2012

Steve Morse: gravaremos novo disco em junho e julho


Em entrevista ao Classic Rock Revisited, Steve Morse deu datas para a gravação do sucessor de Rapture of the Deep:
"O jeito como fazemos é gravar algumas ideias sem vocais e apresentá-las ao Ian [Gillan]. Tem mais sessões de composição marcadas pra maio, e aí vamos começar a gravar em junho e julho."
Na mesma entrevista, o guitarrista manifestou uma leve frustração com o ritmo de trabalho do Deep Purple. Nada preocupante: ele só queria ter definições das datas com um pouco mais de antecedência pra poder encaixar alguns shows solo.
"Não acho que o Deep Purple possa manter pra sempre esse ritmo de turnês que fazemos. Eu sempre os pressionei, às vezes até demais, pra ter algum controle do calendário, pra que eu possa marcar coisas quando tiver um intervalo. O problema que eu sempre encontro é que, quando aparece um intervalo, está tarde demais pra marcar shows do meu material solo. Não fico sabendo sobre datas completamente abertas até bem tarde no jogo. Essa é minha única reclamação sobre o Deep Purple: eu queria ter mais controle das datas. Acho que de alguma maneira isso vai naturalmente desacelerar."
Entendo a frustração do Steve. O problema, porém, é que nos países em desenvolvimento - Brasil incluído - os shows são marcados muito em cima da hora. E boa parte dos shows das longas turnês da banda passam por esses países. A frequência do Deep Purple no Brasil virou até piada em alguns sites.

Apenas para comparar, estão à venda desde o ano passado os ingressos dos shows que o Deep Purple vai fazer na Europa no final de 2012. Mas no ano passado só anunciaram as datas dos shows da banda em São Paulo poucas semanas antes. Todo ano é assim. Não vai longe: a turnê "Rock'n'Roll All Stars", que vai trazer o Glenn Hughes ao Brasil em abril, passaria por São Paulo (no Credicard Hall), mas agora só vai rolar no Maranhão. Isso foi definido faltando mais ou menos um mês para o show.

Acho que tem mais a ver com a estrutura das casas de espetáculo de países em desenvolvimento do que com a organização da banda. Ninguém quer se comprometer hoje a fazer um show do Deep Purple em outubro se corre o risco de daqui a dois meses aparecer o Michel Teló (ou o sucessor dele surgido de última hora) querendo a mesma data e prometendo lotar a casa muito mais do que o Deep Purple, pagando mais. Ou um João Gilberto, querendo cobrar um ingresso que custa seis vezes o preço do ingresso do Deep Purple.

No ainda incipiente mercado de espetáculos do Brasil, onde tem chance de ganhar mais grana o povo se atira mesmo.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Whitesnake em recesso

A banda do David Coverdale está dando um tempo até o final do ano. Segundo o site oficial, eles estão preparando a mixagem de material ao vivo, incluindo um possível DVD, e alguns membros da banda vão gravar projetos paralelos. Pode ter coisa nova de estúdio, mas dificilmente um disco novo.

sábado, 3 de março de 2012

Hughes só em outubro em São Paulo?

Acabo de ser informado de que aparentemente a banda Rock'n'Roll All Stars, que marcou shows no Brasil em abril, não vem a São Paulo. Mestre Glenn Hughes, portanto, viria em outubro com sua banda solo. O único show da banda no Brasil será no... Maranhão.

Tem outra história meio doida nessa turnê que reúne ex-membros de várias bandas. Ontem, o G1 falou que Charlie Sheen apresentaria o show no Maranhão. Perguntei para essa mesma fonte, altamente posicionada na banda. Segundo ele, não teria como - Sheen está ocupado gravando um novo programa de TV.

Não é a primeira mudança de última hora. A banda antes se chamava "Titans of Rock", mas de repente mudou de nome. Originalmente ela também teria Jason Newsted, do Metallica, mas ele disse que nunca assinou contrato.

E agora, o que será que vai rolar? Qualquer coisa que role será épica, possivelmente. Mas quanto do prometido inicialmente vai rolar de fato?

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Da memória de um roqueiro

Conheci o grande Ulisses Santos no CPD da UFRGS, nos primórdios da internet, em meados dos anos 90, quando eu era estudante de jornalismo e ele, de história. O CPD, ao lado da minha faculdade, acabava sendo o único ponto de convívio e diálogo entre estudantes de cursos tão diversos quanto jornalismo, história, física e medicina.

Juntos, aprendemos a fuçar na internet, ainda no tempo das telas de fósforo verde. A turma do CPD virava tardes, madrugadas e finais de semana desbravando as telas - e foi nessas que eu acabei mergulhando mais fundo no Deep Purple, como contei em outro blog.

Mais tarde, por coincidência, o Ulisses foi professor da minha irmã mais nova na escola.

O Ulisses é fã de rock do bom, e mantém um blog chamado "Memória de Roqueiro", onde ele conta causos dos shows a que assistiu. No post mais recente, ele conta das passagens do Deep Purple por Porto Alegre - e inclusive coloca foto dos ingressos.

Altamente recomendado!

Paice: Lord está melhor e deve voltar ao trabalho em abril

Ian Paice, o mestre das baquetas, deu uma entrevista a uma rádio canadense. Entre outras várias coisas, comentou o estado de saúde do mestre Jon Lord - seu concunhado, aliás. Parece que eles moram perto um do outro, porque suas esposas são irmãs gêmeas.

Segundo ele, o câncer do tecladista é no pâncreas e foi detectado muito no começo, permitindo tratar com grande chance de sucesso. Não estão sendo produzidas novas células cancerosas, afastando o risco de a praga voltar a afetar o mestre. Agora, diz Paice, Lord está tratando da saúde em Israel e deve voltar ao trabalho em abril.

No final do ano passado, conversei com uma pessoa da banda de Lord, que me disse mais ou menos a mesma coisa: que em abril eles estavam planejando tocar em Paris.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Smoke on the Water, 40 anos - 1

Acabo de bolar aqui uma nova seção comemorativa para o Purpendicular.

Dia 9 de março, vai fazer 40 anos que "Smoke on the Water" estreou ao vivo nos palcos do Deep Purple. Foi nos estúdios da BBC, naquele show que está no "In Concert 70-72".

Até lá, vamos postar aqui várias versões em vídeo da música. Serão três por post: uma original, do próprio Deep Purple, uma excelente, dos outros, e uma exótica (divertida, vergonhosa ou de outro tipo). Se você tiver dicas, especialmente das excelentes e exóticas, mande aqui nos comentários.

Começo hoje.

Original
Deep Purple ao vivo na Universidade de Hofstra, em maio de 1973. É a primeira versão em vídeo conhecida (ao menos completa) de Smoke on the Water. Aí, já fazia mais de um ano que a música estava no setlist.


Excelente
Cover do Metallica, enviado numa comunidade do Facebook pelo cantor Abdalla Kilsam. Vale lembrar que o baterista do Metallica é fã da banda. O primeiro show a que assistiu na vida foi também o primeiro show da terceira formação do Deep Purple, em Copenhague.



Exótica
Em 1992, fiquei furioso ao saber que o Kid Abelha havia gravado uma versão de Smoke on the Water em seu mais novo disco de então. Ouvi e achei uma porcaria aguada. Outro dia estava fuçando no YouTube e descobri a pérola abaixo. São eles no Programa Livre, do Sérgio Groismann, fazendo cover da música em português em 1993. O causo contado, porém, é deles mesmos. Troque Frank Zappa and the Mothers por Paralamas do Sucesso e incêndio no cassino por um piti em que a Paula Toller se mandou de Montreux e foi para Portugal. Acrescente os versos "se eu ficasse em Montreux/ teria sido mais feliz". Diversão garantida.

Gillan: "Foi a última noite de uma turnê de seis anos"


Ao final do último show da turnê do Deep Purple pelo Canadá, ontem à noite, Ian Gillan anunciou ter feito o último show da longa turnê de Rapture of the Deep, segundo o Vancouver Sun.

Bom sinal: quando voltarem a viajar pelo mundo, e já existem datas marcadas em outubro na Rússia e novembro na Europa, já será com o próximo disco.

Vejam aí embaixo um trecho de "Woman From Tokyo" desse último show da turnê:

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Hughes com o Trapeze, aos 17 anos

Glenn Hughes postou ontem em sua conta do Twitter um link para um vídeo, com a seguinte observação: "fez uma lágrima cair do meu olho". O vídeo, de 1969, mostra ele aos 17 anos cantando em Wolverhampton, sua terra natal, com o Trapeze, sua primeira banda. Veja só que preciosidade:

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Glover brinca: novo disco é "boato cruel"


Os mestres estão cansando de responder a perguntas sobre quando sai o próximo disco do Deep Purple.

O repórter do jornal Times Colonist, do Canadá, perguntou a Roger Glover quando ia sair o novo disco. Glover "disse brincando que isso era um 'boato cruel'", escreveu o repórter. No começo de novembro, Glover escreveu em seu site que a banda começaria a gravar o disco no começo de 2012.

"Não posso contar como vai ser, porque eu não sei", ele disse. "Trabalhamos de um jeito que seria assustador para outras pessoas. Fazemos as coisas no nosso tempo. Não adianta forçar."

Ian Gillan outro dia deu uma entrevista negando que o material produzido durante uma sessão de composição na Espanha, no ano passado, já seja algo pronto para o novo disco. Segundo ele, não tem nada pronto - ao contrário do que o Steve Morse disse, de que só faltavam as letras.

Mas é verdade o que o Glover diz: o Deep Purple só produz um disco quando para tudo o que está fazendo para fazer. Enquanto isso, esperemos.

Nesta madrugada, a banda colocou em seu site várias datas de shows que farão na Rússia em outubro. A turnê canadense termina na semana que vem. Dali para a frente, eles estão oficialmente em férias até os shows russos, a menos que novas apresentações sejam marcadas.

Leia tudo o que o Purpendicular já publicou sobre o próximo disco do Deep Purple neste link.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Há 10 anos, o último show de Lord como titular

Em 22 de fevereiro de 2002, o Deep Purple encerrou abruptamente uma turnê extremamente badalada no Reino Unido. Era o fim da Mk7, oito shows antes do previsto. Leia o que eu escrevi no Purpendicular na época aqui.

O motivo do cancelamento da turnê: uma gripe absurda que fez com que Ian Gillan cancelasse dois shows alguns dias antes e naquele último show deixasse de lado Child in Time, a atração da turnê.

Em 14 de março, a banda anunciava que Airey substituiria Lord pela segunda vez, pra fazer a turnê na Rússia. Já tinha até foto oficial da nova formação, e no dia 17 de março foi oficializada a substituição. Rasmus Heide, no Purpendicular, escreveu um editorial pra dizer que a saída de Lord não significaria o fim do Deep Purple como tanta gente andava temendo. Dez anos depois, eles ainda estão aí na estrada.

Os shows londrinos seriam retomados meses depois, já com Don Airey como titular e Jon Lord fazendo participação especial. Os shows dessa turnê tiveram várias participações especiais, como a do Iron Maiden. O último foi lançado em DVD na caixa Around the World Live.

Preciosidades encontradas no YouTube


O Luciano Nunes indicou nos comentários do post abaixo um perfil curioso do YouTube. Chamado DPurple1968, ele tem onze vídeos de que eu nunca tinha ouvido falar. A maior parte deles é de boa qualidade. Como ele não permite embedar os vídeos, fica aí o link - e não deixem de agradecer ao Luciano nos comentários!

Os três vídeos mais curiosos são da TV alemã. O som é da Mk1 ("And the Address", "Hey Joe" e "April"), mas as imagens mostram a Mk2 no palco e em campo. Consultei no Facebook alguns dos maiores especialistas no assunto.

Mestre Nigel Young, o autor de um livro a ser publicado com o diário do Deep Purple, já conhecia os vídeos. Segundo ele, esses três foram gravados no começo de outubro de 1969 e apresentados no começo de 1970. John Barnes, que posta fotos ótimas, lembrou que foi da gravação desses vídeos que saiu a imagem que ilustra este post.

Existe uma falta muito grande de registros da Mk1 ao vivo. Esses vídeos que apareceram agora mostram um pouco mais de como eles eram no palco. Até agora, os que eu conhecia eram os do programa da Playboy, o vídeo de Copenhague no History, Hits and Highlights e as imagens borradas da gravação do show de Los Angeles em dezembro de 1968.

Nessa coleção que apareceu no YouTube, constam três vídeos e uma entrevista dessa formação:

Hush (dublado) - Berna, Suíça, 21.set.1968
Mais um (as mina pira) - Berna, Suíça, 21.set.1968
Hush (mudo) - Upbeat show, na turnê dos EUA, em 9.nov.1968
Entrevista do Jon Lord em Vancouver, no Canadá, em 1969 (estiveram lá em 4 de abril)

Da Mk2, temos:

Speed King dublado em Rotterdam, 1.jan.1971
Deep Purple no cassino de Montreux meses antes do incêndio, em 16.abr.1971 (Yodel, erro em Speed King e trechos)

Tem um vídeo da Mk4 que dizem ser em Melbourne, em 25.jan.1975, mas pode não ser, segundo um sujeito que esteve no show disse nos comentários.

Essas novas aparições me dão uma ideia interessante. Aguardem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O placar da procrastinação

Segundo o Something Else Reviews, o guitarrista do Deep Purple vai participar da gravação de um disco em tributo à banda Supertramp. Rick Wakeman, Richard Page, Mickey Thomas e Billy Sherwood também estarão lá.

Enquanto isso, Ian Gillan e Alice Cooper são jurados de um concurso de talentos, o Rock the House.

Até agora, portanto, o placar da procrastinação em gravar o novo disco do Deep Purple - nome que dei à série de compromissos que os mestres assumiram antes de gravar o novo disco - está assim:

Steve Morse
  • Tributo a Tommy Bolin (Glenn Hughes também estará lá) 
  • Flying Colors 
  • Tributo ao Supertramp
Ian Gillan 
  • Tributo a Dio (Glenn Hughes também estará lá) 
  • Rock the House
Don Airey 
  • Homenagem às vítimas do tsunami no Japão 
Ian Paice 
  • Álbum em trio com Rick Wakeman e Tony Levin

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ian Paice vai gravar com Rick Wakeman?


Até agora, o Ian Paice era o único dos membros do Deep Purple que não estava gravando como convidado nos discos dos outros ou não gravou disco solo (Glover gravou). Rick Wakeman acaba de mudar isso.

Quem viu no blog do tecladista foi o The Highway Star:
Tem muitas outras coisas que eu vou tentar levar a cabo neste mês, que incluem um possível álbum em trio com Tony Levin e Ian Paice. Ainda estão no início as discussões com todos os envolvidos, mas parece muito promissor. 
Em julho do ano passado, Wakeman foi convidado pra tocar na Sunflower Jam, o show beneficiente anual promovido pelas esposas gêmeas de Paice e Jon Lord. Coloquei um vídeo do momento histórico neste post. Paice e Wakeman já tinham se encontrado antes, dando uma entrevista juntos em 1982. Este é o vídeo de onde saiu a imagem acima.

No dia 2 de abril, Paice também dará uma canja num show em homenagem a Buddy Rich, nos 25 anos da morte do baterista. Será no Reino Unido. Aí, pelas minhas contas, o Deep Purple já estará em férias e poderá finalmente começar a gravar seu disco.

E o disco novo? Nada de novo, quase.

Em entrevista publicada ontem num jornal canadense, o Ian Gillan disse que realmente houve uma sessão de composição no ano passado, mas que eles dificilmente vão aproveitar alguma coisa dela.
Nada aconteceu de verdade, e não estávamos muito no pique. Então, acho que vamos começar do zero e ver o que acontece. Eu imagino que a coisa vai rolar bem, porque não escrevemos nada há algum tempo.
Razoável. Bananas e Rapture of the Deep foram compostos assim. Eles se acertam melhor tocando juntos, ouvindo um o que o outro faz e sacando na hora como reagir.

***

Apenas pra atualizar a lista de participações especiais de outros membros do Deep Purple em discos dos outros ainda por sair:

Steve Morse

  • Tributo a Tommy Bolin (Glenn Hughes também estará lá)
  • Flying Colors
Ian Gillan
  • Tributo a Dio (Glenn Hughes também estará lá)
Don Airey
  • Homenagem às vítimas do tsunami no Japão
Ian Paice
  • Álbum em trio com Rick Wakeman e Tony Levin

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um instante clássico

John Barnes postou no Facebook uma foto que eu não conhecia:


É um encontro entre Jon Lord e Ian Gillan em 1981, no festival de Reading. Possivelmente esse momento inclui uma das rodadas mais fortes de conversas entre os ex-membros do Deep Purple para reformar a banda, no começo dos anos 80. Salvo engano, foi nessa rodada que a Campari estava querendo patrocinar um grande (e único) show da banda. 

Como você sabe, não foi daquela vez. Ainda haveria uma canja do Blackmore num show do Gillan em 1982 e toda a passagem do vocalista pelo Black Sabbath em 1983 antes do retorno, em 1984. Ali em 1981, Lord e Paice estavam no Whitesnake, enquanto Blackmore e Glover estavam no Rainbow.

De qualquer forma, é sempre fascinante espiar pelo buraco da fechadura desses momentos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Finalmente: "What's Going On Here?" ao vivo

Burn é um dos meus discos favoritos do Deep Purple. Em várias das vezes em que eu ouço o álbum, minha faixa favorita fica sendo "What's Going On Here?". Gosto dos jograis entre Coverdale e Hughes - essa e "Hold On", do Stormbringer.

Sempre quis ver ao vivo, mas a música só foi tocada em alguns shows do começo da turnê da Mk3. Só existe áudio em bootlegs muito chiados. Quando chegou aos shows oficialmente gravados, na Califórnia e em Londres, já não estava mais no setlist.

Embora a Mk3 tenha nos privado desse privilégio, especialmente em vídeo, Glenn Hughes tocou essa música em Wolverhampton (Reino Unido), em junho de 2009. A banda é mais ou menos a mesma que veio ao Brasil no final daquele ano. O show foi lançado como "bootleg oficial" em CD e DVD pela Edel Records. Foi a gravadora que pôs o vídeo no YouTube pra dar um gostinho.

Hughes encara as partes das duas vozes muito bem. Compreensivelmente para um sujeito que se livrou dos excessos todos, ainda que não dê pra saber se é consciente, ele enrola as palavras na hora de falar "I've been drinking all night" e outros excessos do gênero.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Glenn Hughes e grande elenco tocam no Brasil em abril


Dez anos depois de visitar São Paulo com a banda "Voices of Classic Rock", que tinha ex-membros de várias bandas famosas, Glenn Hughes volta ao país no aniversário do Brasil com outro tributo de luxo: Titans of Rock. Eles tocarão por aqui no dia 22 de abril, em meio a uma grande turnê latino-americana.

Estes são os membros da banda, com as respectivas banddas de que fizeram parte:
Duff McKagan (Guns N 'Roses)
Joe Elliot (Def Leppard)
Gilby Clark (Guns N' Roses)
Ed Roland (Collective Soul)
Steve Stevens (Billy Idol)
Glenn Hughes (Deep Purple)
Matt Sorum (Guns N 'Roses)
Jason Newsted (Metallica)
Sebastian Bach (Skid Row)
Vince Neil (Mötley Crüe)
Pessoalmente? Preferia que o Hughes viesse ao Brasil com a Black Country Communion, que é a coisa nova mais legal que qualquer ex-membro do Purple anda fazendo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Paice: "vamos parar quando alguém não puder cortar a mostarda"


Em entrevista ao LFPress, do Canadá, perguntaram ao Ian Paice se o Deep Purple tem uma "estratégia de saída", já que eles estão ficando velhinhos. A resposta, genial:
"A estratégia de saída será parar quando um ou mais de nós, fisicamente, não conseguir mais cortar a mostarda. Não acho que valha a pena virar uma sombra de nós mesmos. Então, acabaria aí. Ou se o público parasse de vir, mas isso não parece estar rolando."
(A melhor tradução de "cortar a mostarda" em português seria "dar no couro". Mas é genial a expressão.)

O baterista também falou sobre o disco novo. Disse que devem gravar neste ano. Segundo ele, alguns na banda não estavam muito a fim há um par de anos, mas agora isso mudou. Vão gravar por respeito aos fãs, segundo ele, porque grana não dá pra esperar muita hoje em dia com disco.

E você, corta a mostarda?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Morse: sem YouTube, já tocaríamos coisas novas

O Deep Purple está em turnê pelo Canadá antes da parada para gravar de vez o disco novo. Algumas coisas já começaram a ser compostas, segundo todos os membros da banda. Em entrevista à versão canadense do jornal Metro, Morse afirmou que eles só não incluem coisas novas no show porque no dia seguinte já está no YouTube e estragou a surpresa. Ele diz, porém, que ainda não viu as letras. Ou seja: mestre Ian Gillan precisa se mexer!

Esse medo do YouTube matou uma longa história do Deep Purple de testar ao vivo o que depois viraria música. É uma das coisas que sempre me agradaram na forma como eles criam. Essa história vem desde o final dos anos 60, quando eles (e outros!) iam à BBC gravar versões de suas músicas para que a emissora tivesse coisas deles para tocar na programação. Foi assim que o Led Zeppelin transformou sua versão de "Travelling Riverside Blues" em "The Lemon Song", por exemplo.

No final do ano passado, a EMI lançou o disco duplo "Deep Purple: The BBC Sessions 1968-1970", que traz todas as gravações remanescentes feitas pela banda na emissora nesse período. Estou pra resenhar esse disco há tempos. O que ele demonstra, basicamente, é o quanto o Deep Purple evoluiu testando músicas ao vivo para depois gravar.

A Mk1, por exemplo, testou lá a faixa "Hey Bop a Re Bop" em fevereiro de 1969. Mais adiante, a mesma música mudaria de letra e voltaria a aparecer lá em julho de 1969 como "The Painter", uma das faixas divertidas do terceiro disco. Nessa altura, a banda já estava mudando.

No mês seguinte, agosto de 1969, o novo Deep Purple tomaria os estúdios da BBC tocando "Ricochet". A mesma música seria tocada em Amsterdã, no dia 24, com o nome "Kneel and Pray". Isso saiu na primeira gravação pirata que fez a fama da qualidade do Purple ao vivo. Sei lá se a letra não colou, mas em outubro, no Festival de Jazz de Montreux, a base musical tinha sido mantida e a letra fora mudada. Em novembro, de volta à BBC, o Deep Purple já gravava uma versão próxima da definitiva: "Speed King".

Na mesma sessão em que eles gravaram Speed King, no programa "Stuart Henry Noise at Nine", a BBC pediu que o Deep Purple fosse ao estúdio e criasse algo novo. Saiu algo que eles chamaram de "Jam Stew", com Ian Gillan cantando sobre uma mulher de olhos malvados. Durante a gravação de In Rock, a música chegou a ser gravada em estúdio como "John Stew", agora sem vocais. Não foi aproveitada no disco, porém; só saiu em 1995, no remaster. Em setembro de 1970, o Deep Purple voltou à BBC e gravou uma nova versão desse instrumental como "Grabsplatter". Essa faixa apareceu para o público em geral pela primeira vez oficialmente em 1985, na coletânea "The Anthology".

Em 1971, Ritchie Blackmore e Ian Paice gravaram sob pseudônimo com alguns amigos um disco especial chamado "Green Bullfrog". E vejam só: lá estava Jam Stew/John Stew/Grabsplatter com nova roupagem, chamada de "Bullfrog". Nesse ano, o Deep Purple estava gravando o disco Fireball - e a estrutura de Grabsplatter foi aproveitada no single "I'm Alone", lado B de "Strange Kind of Woman", que reapareceu em "Singles A's & B's" e no remaster de Fireball.

Também nesse ano, duas músicas do disco seguinte, Machine Head, começaram a ser testadas ao vivo lá por julho: o blues "Lazy" e a porrada "Highway Star". Sim, nem todo o disco foi composto sob o rigor do inverno suíço após o incêndio do cassino.

A lenda de Highway Star diz que a música foi composta num ônibus, indo para um show na Inglaterra, com jornalistas a bordo. Um deles teria perguntado a Blackmore como o Deep Purple compõe suas músicas. Blackmore disse: "assim". Olhou pela janela, fez um power chord de sol na guitarra e começou a bater repetidamente. Ian Gillan entrou em cima e começou a improvisar: "We're on the road, we're on the road, we're a rock'n'roll ba-and!". A lenda diz que na mesma noite a música estava no show.

Em entrevista recente, Jon Lord discordou: não tinha como, porque as trocas de solo, em progressões bachianas, são elaboradas demais para criar do dia pra noite. E ele está certo. Um vídeo de Highway Star na TV alemã, gravado lá por setembro de 1971, mostra a mais antiga gravação de boa qualidade conhecida da música. A letra ainda não está consolidada - Gillan fala em Steve McQueen e Mickey Mouse. O solo também não é aquele que é tão perfeito que ninguém ousa mexer muito. A versão completa da gravação e um take alternativo saíram no DVD "History, Hits & Highlights".


Com as brigas na banda a partir de 1972, acabou o Deep Purple-moleque e a coisa ficou profissional demais. Na Mk3 e na Mk4 não tinha essas coisas, e até o improviso no palco perdeu o ímpeto criativo.  Quando a Mk2 voltou, também não. A banda ficava muito presa ao repertório do Made in Japan - como ainda fica, em parte.

Com a chegada de Steve Morse a coisa mudou de figura e eles passaram a brincar mais com o catálogo do Deep Purple. Mas ainda não haviam voltado ao velho costume. Nos estertores da Mk7, no longo intervalo entre a gravação de Abandon e a saída de Jon Lord, duas músicas novas foram testadas ao vivo. Uma que não vingou chegou a ser tocada no festival de Montreux em 2000: "Long Time Gone".


A segunda, "Up the Wall", foi tocada na turnê de despedida de Jon Lord.



Acabou virando "I Got Your Number", quando entrou no disco Bananas. Ficou no repertório ao vivo até 2005, quando a banda lançou Rapture of the Deep.



domingo, 22 de janeiro de 2012

Novo disco sai antes de 2013, segundo site oficial

Foi eu reclamar aqui no blog e os mestres se mexeram.

 O site oficial do Deep Purple anuncia que a gravação mesmo do novo disco deve ficar lá pro verão do hemisfério norte (junho a agosto), e que ao menos nessa parte do ano não vai rolar turnê.

Frase do Ian Gillan no site oficial: "Sabemos que vamos desapontar alguns dos nossos fãs no verão, mas estamos muito empolgados com a turnê de outono/inverno e continuaremos nossa turnê mundial com o disco novo em 2013".

Fevereiro inteiro, na agenda do Deep Purple, está ocupado por shows no Canadá. Não há nada marcado entre março e o início de novembro, quando começa a turnê europeia (tinha uns shows já vendendo ingresso na Europa em julho, lembra o The Highway Star, e não se sabe como vai ficar).

Isso sugere espaço pra dar uma turnezinha por países menos ricos entre março e junho. Aqui na América do Sul, pelo menos, eles marcam sempre de última hora. Possivelmente deve rolar algo semelhante na Ásia, que é outro baita mercado pra eles. Na Europa e nos EUA, porém, até os ingressos são vendidos com antecedência.

Ainda anteontem o leitor Bruno Crepaldi perguntou, quando por acaso comemoramos nossos aniversários juntos no bar Gillan's Inn, em São Paulo, se tinha novidades. Então: o que se tem disponível é isso aí.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Steve Morse grava tributo a Tommy Bolin. E o disco novo do Purple, cadê?


Você já quis ouvir Steve Morse tocando músicas do Tommy Bolin? Eu sempre quis, mas meu mestre Ian Gillan não canta nada da Mk4 - e tem lá suas razões. Pois agora o guitarrista atual do Deep Purple vai participar do disco "Great Gypsy Soul", um tributo ao segundo guitarrista da banda, morto em 1976. (Depois de o Deep Purple mesmo morrer temporariamente.)

Fico curioso para saber que faixa ele tocará. Eu adoraria que fosse algo do disco "Spectrum", que Bolin gravou com Billy Cobham. Uma palhinha de "Quadrant 4":


Além de Morse, participam do disco os guitarristas Peter Frampton, Brad Whitford (Aerosmith), Derek Trucks e Warren Haynes (ambos da Allman Brothers Band).

É a segunda participação especial do Morse anunciada em poucos dias. A primeira foi na banda Flying Colors. Também já foi anunciado que Ian Gillan vai participar de um disco em homenagem a Ronnie James Dio, junto com Glenn Hughes. Atualmente, o vocalista do Deep Purple está em turnê na Europa com uma orquestra. Ian Paice, o baterista, está preparando shows com um tributo ao Deep Purple. Don Airey gravou uma homenagem às vítimas do terremoto e tsunami japonês de 2011 e participou de um disco do irmão Keith Airey. Roger Glover tem filha pequena pra cuidar e netos para babar.

Só do disco novo do Deep Purple que ninguém anuncia nada. Na folguinha do começo do ano, estão aparentemente todos ocupados demais pra pôr a mão na massa e finalizar disco novo. Em fevereiro já tem turnê o mês inteiro (17 dos 28 dias) e aí geralmente a banda já entra na roda viva das turnês - embora ainda não tenha nada anunciado para o período entre março e novembro.

Torço para que eles dêem uma paradinha com todos os projetos paralelos nesse período e gravem o disco. Adoraria que a turnê europeia, que começa em Luxemburgo no dia 8 de novembro, já fosse a do sucessor de "Rapture of the Deep".

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Morse fala de disco novo - mas não do Purple

Hoje, no Facebook, o Steve Morse me deu um susto. Demorei até o final da segunda frase pra tirar o sorriso do rosto:
Oi, pessoal! Estamos terminando os detalhes infinitos envolvidos pra fazer um disco. Flying Colors é o nome...
...da banda/projeto. Tem músicas fabulosas de músicos fabulosos. Neal Morse e eu finalmente conseguimos trabalhar juntos (lembre-se de que não somos parentes, mas conseguimos trabalhar juntos com muita facilidade), o faiscante Mike Portnoy, claro que o meu chapa DaveLaRue e o nosso muito talentoso Casey McPherson cantando. Bill Evans gastou um monte de tempo e milhões de e-mails, mas finalmente nos reunimos, fizemos e é um disco muito, mas muito bom. Confira em breve na Mascot Records.
Do novo disco do Deep Purple, nem sinal ainda. Fiz meu protesto diretamente. Mas esta é a capa do novo disco semissolo do Steve.



O site oficial do Flying Colors promete "notícias, música, vídeos de bastidores e talvez bonequinhos. Talvez."

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Gillan e Hughes fazem tributo a Dio


Wendy Dio, a viúva do baixinho com pulmão de gigante, chamou alguns amigos do ex-cantor do Rainbow e do Black Sabbath para gravar um tributo. Eles incluem Ian Gillan (foto) e Glenn Hughes. Também estarão lá Lemmy Kilmister, Alice Cooper, Dave Grohl, Rob Halford e Sebastian Bach. Cada um escolherá as canções que vai cantar.

Gillan substituiu Dio por duas vezes na história do Deep Purple. A primeira foi em 1975, quando uma turnê do Rainbow impediu que Dio fizesse a voz do simpático Froggy em "Sitting in a Dream" na apresentação ao vivo de Butterfly Ball. Gillan estava aposentado do rock, mas atendeu ao chamado do amigo Roger Glover para sair da toca pela primeira vez após sair do Deep Purple. A segunda foi em 1983, quando Ronnie deixou o Black Sabbath.

Em 1999/2000, o Deep Purple fez a turnê dos 30 anos do Concerto para Grupo e Orquestra. Aproveitaram e homenagearam as carreiras-solo dos membros. De Glover, entraram duas músicas do Butterfly Ball, ambas cantadas por Dio - "Love is All" e "Sitting in a Dream". Dio foi convidado para o show e acabou entrando na turnê. Ao final, cantava "Smoke on the Water" com Gillan. Em 2006, Gillan chamou Dio para gravar vocais em "A Day Late and a Dollar Short", no disco Gillan's Inn.

Hughes também foi do Black Sabbath, depois do Ian Gillan, mas sua amizade com Dio é mais da brodagem mesmo. Dio morava em Los Angeles, onde Hughes mora até hoje. Na véspera de Natal de 2011, Hughes tuitou que estava indo com a patroa dar um abraço na Wendy Dio.

Minhas apostas?

Eu gostaria de ver Gillan cantar "Sitting in a Dream" de novo, depois de tantos anos. Já Hughes eu não sei. Acho que ele cantaria algo do Black Sabbath, talvez queira cantar "Heaven and Hell". Não sei o quanto a religião de Hughes permite cantar sobre o inferno. Mas a letra permite interpretações mais afeitas a ele, talvez.